fibria bio oleoFábrica de bio-óleo da Fibria deve ser no Espírito Santo

Mikaella Campos
Planta industrial da Fibria ainda será aprovada pelo Conselho Administrativo, mas empresa já tem terreno e corre com licenças ambientais para iniciar as obras
fibria.jpgCom terreno comprado e o licenciamento ambiental em andamento, a fábrica de bio-óleo da Fibria tem tudo para ser em Aracruz.

A empresa ainda aguarda a aprovação do projeto pelo Conselho de Administração e também espera receber incentivos fiscais do Estado para bater o martelo, mas, segundo o diretor Florestal da empresa, Aires Galhardo, é bem provável que o investimento de cerca de R$ 500 milhões fique no Espírito Santo.
O parque industrial, que vai abrir 200 vagas de emprego durante a operação, deve começar a ser construído ainda no primeiro semestre do ano que vem. A obra será finalizada em dois anos e permitirá a companhia exportar, pelo Portocel, 110 mil toneladas por ano de biomassa.

“A princípio, o material será vendido para os Estados Unidos com a finalidade de atender a demanda de geração de energia. É possível vender para as térmicas nacionais, mas estamos testando o uso do bio-óleo como combustível para ser utilizado também no mercado interno”, explicou Galhardo durante evento de comemoração dos 25 anos do programa Poupança Florestal da Fibria.

A ideia é misturar o bio-óleo com o petróleo bruto, ou seja, antes do refino, para formar um novo tipo de biodiesel ou de biogasolina. Esse produto híbrido está em estudo pela Petrobras, no Rio Grande do Sul. Se comprovado a sua eficiência, na forma leve, poderá ser usado em carros e até aviões. Como óleo pesado, a mercadoria deve abastecer a indústria, no aquecimento de caldeiras, por exemplo.
O diretor de Tecnologia e Inovação da Fibria, Fernando Bertolucci, explicou que o produto pode chegar a atender 30% do consumo anual de petróleo no Brasil. “Esse combustível, com concentração de 5% a 10% de bio-óleo, já é aproveitado nos Estados Unidos. Já conseguimos perceber que tem boa perfomance energética e ambiental”.

A Fibria obteve os direitos de fabricação de bio-óleo no Brasil após se tornar sócia da empresa canadense Ensyn. O novo parque industrial deve ficar próximo à atual fábrica de celulose.
O óleo será produzido a partir da madeira, fornecida pela plantação da própria companhia ou por pequenos produtores locais. Também serão aproveitados cascas, troncos, raízes do eucalipto e outros resíduos formados hoje na fabricação da celulose.
Em nota, o governo do Estado disse que vem mantendo “entendimento com a empresa sobre os investimentos previstos para a construção de uma fábrica de biocombustível e entende a importância do projeto para a geração de emprego e renda para a região, além de suas características sustentáveis para o desenvolvimento de energias renováveis”.

Fibra de carbono em desenvolvimento
O projeto ainda está em estudo, porém, em cinco anos, a Fibria também pretende iniciar a produção de fibra de carbono. A matéria-prima será a lignina, um componente gerado na hora da produção da celulose, e que hoje serve para atender às necessidades de energia da fábrica em Aracruz. As pesquisas sobre a viabilidade do produto começaram nos Estados Unidos e na Suécia.

A intenção é misturar o componente ao petróleo. “A fibra terá uma qualidade menor do que a feita só com petróleo, mas competirá com outros materiais como o alumínio”. Bertolucci acrescenta que para iniciar essa produção a Fibria terá que construir um parque industrial de pequeno porte.
Os novos negócios, que incluem também a produção de adubos agrícolas, até 2025, devem corresponder a pelo menos 20% do fluxo de caixa livre da corporação.

Portocel e fábrica de celulose serão ampliados
Além de buscar a diversificação dos negócios, a Fibria caminha com dois projetos de expansão. A mais adiantada está a ampliação do Portocel, terminal controlado em conjunto com a Cenibra. A proposta é triplicar a capacidade de exportação da empresa e transformá-lo em um porto de negócios. Os investimentos permitirão que a estrutura seja um canal de escoamento de cargas gerais.
Segundo o diretor Florestal Aires Galhardo, ainda não se sabe o volume de recursos que serão aplicados. A expectativa é de que o início das obras seja definido no ano que vem. “Com a mudança na legislação, o Portocel agora é um porto privado, o que vai facilitar a governança e facilitar a ampliação”, acrescenta.

Outro investimento em análise é a expansão da fábrica em Aracruz, que permitirá a empresa produzir um milhão de tonelada de celulose a mais por ano. “Tudo vai depender se novos produtores vão se interessar em ingressar no cultivo de eucalipto. Também aguardamos uma regulamentação de regras locais relacionadas à silvicultura para conduzir esse projeto”

GAZETA online -  BRASIL - 26 noviembre 2015