Nova fábrica de celulose pode ocupar espaço deixado pela Eldorado Brasil em MS
Com 200 mil hectares de florestas plantadas de eucalipto 'sobrando', Mato Grosso do Sul volta a ser a "bola da vez"
O empresário Mário Celso Lopes nunca desistiu do projeto de uma fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo (MS)
A venda da Eldorado Brasil para asiática Paper Excellence (PE) ainda não foi 100% concluída mas já existem previsões no mercado que podem mexer com a 'balança' da produção de celulose no país.
Por enquanto a Paper Excellence, que tem sede na Holanda e também é controladora da Asia Pulp and Paper, pagou apenas R$ 1 bilhão, dos R$ 15 bilhões previstos, referente à 13% das ações da empresa. Como já foi amplamente divulgado pela imprensa, a transação deverá ser concluída nos próximos doze meses.
A novidade, no entanto, fica por conta de um "gap" deixado pela suspensão - a princípio - da ampliação da Eldorado Brasil (projeto Vanguarda 2.0) que chegou a ter a terraplanagem iniciada em maio de 2015.
Com 200 mil hectares de florestas plantadas de eucalipto 'sobrando' em Mato Grosso do Sul e com dois projetos já anunciados (um em Ribas do Rio Pardo e outro em Aparecida do Taboado), o estado voltaria a ser novamente "a bola da vez".
A reportagem do Painel Florestal ouviu dois renomados e experientes consultores que confirmaram que 2018 será o ano da "retomada de estudos de uma nova fábrica de celulose no país". Um deles citou o Mato Grosso do Sul, reacendendo duas hipóteses.
OS PROJETOS DO MS
Arauco tentou comprar o ativo da Eldorado mas acabou desistindo do negócio após a "due diligence". No estado, a chilena possui aproximadamente 40 mil hectares de florestas de eucalipto, está capitalizada, e poderia prosseguir - de forma independente - com os planos de atuar no Mato Grosso do Sul.
O entrave - nesse caso - ainda seria a restrição da AGU (Advocacia Geral da União) que dificulta a empresa continuar comprando terras para expandir suas áreas florestais.
Já o projeto de Ribas do Rio Pardo - Celulose Rio Pardense e Energia ou CPRE - ganha ainda mais força.
NR: A informação de que a licença de instalação da CPRE estava suspensa foi divulgada de forma equivocada. Na verdade a LI 115/2015 tem validade até 30/12/2018.
Mesmo tendo negociado a madeira da sua fazenda em Ribas do Rio Pardo com a Eldorado Brasil e enfrentado recentes batalhas judiciais, o empresário andradinense sempre defendeu ter o "projeto mais viável de todos".
De fato, a proximidade com boa parte do excedente de madeira disponível no estado (um raio de menos de 100 quilômetros) e boa infraestrutura logística já estabelecida, conferem à CPRE bom potencial e os executivos da holding estariam dispostos a retomar a busca por sócios estrangeiros.
Vale ressaltar que em agosto deste ano, durante a Conferência Latino America da renomada consultoria internacional RISI, o consultor especializado em florestas, Bob Flynn, apresentou um estudo que indicava a existência de 258 mil hectares de florestas plantadas de eucalipto num de raio até 100 quilômetros de Ribas do Rio Pardo.
Na região de Três Lagoas, o mesmo estudo indica a existência de 355 mil hectares, praticamente 100% comprometidos com o suprimento das fábricas da Fibria e da Eldorado Brasil.
CIFLORESTAS - BRASIL - 23 octubre 2017